Luciana Branco
24.12.2023

Manter tradições, romper tradições, criar novas tradições…

Manter tradições, romper tradições, criar novas tradições… a vida segue esse ininterrupto fluxo da mudança, mas talvez tenhamos acreditado no contrário. Vejo nas redes sociais, “memes”, piadas, reclamações sobre o desespero que podem se tornar as festas em família ou as festas de fim de ano.

Como tudo que dói na contemporaneidade, a escapada rápida para a piada, a risada nervosa, a ironia busca disfarçar o sofrimento, o sintoma e, mais que isso, a responsabilidade por permitir que tudo permaneça igual, imobilizado, morto pela tradição.

Além da piada, os excessos: de compras, de bebida, de comida… de remédios.

Qual hábito merece se manter vivo? Qual pode ser modificado? Qual pode ser esquecido por não fazer mais sentido?

Será que não há mesmo outras alternativas? Do que se precisaria abrir mão para que, ano após ano, a partir de mudanças na vida real, a satisfação com a própria vida possa emergir e ser celebrada nas festas de fim de ano? Para que não se torça desesperadamente para que um ano acabe?

Somos os personagens que irão habitar o novo ano. Não há pílula mágica.

As tradições foram criadas por nós. Assim como criadas, podem ser recriadas. Faz parte da condição humana adulta, assumir as responsabilidades pela vida que se inventa para si e, portanto, para os demais.

Sigo cada vez mais comprometida com a criação de meus novos hábitos, mantendo as tradições que fazem sentido (são sentidas) e criando novas. Deixar para trás fórmulas que justificam tristezas e angústias não é tarefa fácil, mas possível.

Para isso, é preciso “Amar aos outros como a si mesmo”, disse Jesus, o aniversariante do dia. Ou seja, como a si mesmo antes de tudo e de todos. É preciso aprender a se amar, se escolher à despeito do que se espera de nós.

Pode parecer revolta, mas é revolução. A revolta é a volta, a revolução, evolução.

Que possamos evoluir neste novo ciclo, tendo como ponto de partida o amor-próprio. A gentileza consigo, os próprios limites, os singelos prazeres. Que esse amor possa enfim transbordar, inspirar, acolher. E assim, até as mais drásticas mudanças necessárias e pressentidas, possam ser vividas com integridade e significado.

Há muita vida sendo gestada aqui para O que sei de mim. Novos programas, novos projetos, novos experimentos. Eu acredito que só o indivíduo é capaz de promover na sua própria vida as mudanças que deseja. Elas são possíveis.

Que o amor-próprio vire tradição! Você estará assim fazendo muito pelo mundo!